Depois de confirmada a impossibilidade da direita cumprir os requisitos constitucionais para formar governo é o PR chamar o líder do segundo maior partido para que lhe apresente uma solução de governo que tenha condições de passar na AR. Portanto, é isso que cabe ao PR e lamento toda esta agonia e este calendário que o PR está a adotar como se o problema não carecesse de uma solução urgente. Enfim, num pais com as condições sociais e económicas que temos, com os compromissos que temos ainda na sequencia da difícil situação económica e financeira e com os calendários que têm a ver com a elaboração do orçamento, causa-me imensa estranheza que nestas condições, depois de mais de um mês de arrastamento, depois de o Presidente insistir na nomeação de um governo que estaria à partida condenado, depois dar-se ao luxo de consultas de entidades de representatividade duvidosa, que se irão prolongar no fim de semana numa visita à Madeira para depois, eventualmente, continuar essas audiências até que cumpra o requisito de ouvir os partidos e tomar uma decisão, aquilo que espero, mesmo que com atraso, é que o PR tome a decisão que a Constituição e o bom senso lhe impõem. Qualquer outra acho que entra num caminho de duvidosa constitucionalidade e as outras possíveis dentro dessa franja serão a manutenção deste governo em funções, penso que seria política, económica e socialmente desastroso porque manteria em fogo lento durante vários meses uma crise política com consequências imprevisíveis sobretudo do ponto de vista desde logo dos famigerados mercado que certamente não deixarão de responder a uma situação de tal imprevisibilidade e tal ausência de confiança. Portanto, espero que o PR faça aquilo que lhe compete e que ainda por cima não cometa esse mau principio ético de empurrar para o seu sucessor aquilo que lhe cabe a ele decidir.